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  • Sónia Serrão - Psicóloga Clínica

Depressão em Crianças e Jovens em tempo de pandemia


Vivemos todos atualmente num mundo diferente, o nosso dia a dia mudou, as nossas rotinas, a incerteza, o distanciamento, a ansiedade e a restrição de muitas atividades tomaram conta daquele que é atualmente para todos o “novo normal”.


A verdade é que a realidade que vivemos pode ser especialmente difícil para as crianças e jovens, muito tempo longe da escola, dos amigos, das brincadeiras e convívios sociais, do desporto, muita coisa mudou. Para algumas crianças e jovens este tempo pode ser particularmente complicado e gerar quadros depressivos. Importa salientar que a sintomatologia depressiva na criança apresenta-se de forma distinta da no adulto e pode assumir e traduzir-se de vários modos. De referir também que a partir da idade escolar e adolescência, já se pode verificar verbalizações de sintomas depressivos, antes desta etapa, estes sintomas traduzem-se sobretudo em alterações do sono ou apetite, comportamentos de oposição, irritabilidade fácil.


Sinais de alerta:


· Humor persistente depressivo ou irritável, com tristeza prolongada, choro fácil.

· Medos exagerados e desproporcionais, duradouros.

· Sintomas somáticos- dores sem explicação orgânica, eczemas, vómitos, dores de barriga e de cabeça.

· Alterações do sono e alimentação - dificuldade de adormecer, sono agitado, dormir muito.

· Perda de energia e Ientificação psicomotora

· Isolamento social.

· Perda de interesse em atividades, brincadeiras, convívios que antes eram fonte de prazer.

· Sentimentos de inferioridade, auto crítica, auto culpabilização, sensação de fracasso, sentimento de incompetência pessoal e sensação de não ser suficientemente boa.

· Preocupação excessiva com o corpo relacionada a auto imagem negativa

· Pessimismo, desesperança.

· Ideação suicida.


Estes são alguns dos sinais de alerta a que todos devemos estar atentos.


A Depressão é uma doença que não afeta apenas o próprio, é também uma doença da família e neste sentido o acompanhamento em saúde mental quando diagnosticada deve contemplar também um espaço e atenção aos cuidadores.


Alguns dados sobre este tema sugerem que a incidência de episódios depressivos em idade pediátrica tem vindo a aumentar, naturalmente muito relacionado com fatores ambientais e de risco, nomeadamente o distanciamento social, a restrição de atividades desportivas e sociais, as interações sociais, entre outras.


É imperativo então estar atento e observar o comportamento da criança e jovem, perceber o que os preocupa, como se sentem, o que precisam e como os podem ajudar, estas questões devem ser verbalizadas às crianças e jovens. Por outro lado, escutar, sem julgamento e sem desvalorizações que podem ser excessivas, por exemplo “Isso não é nada, vai passar, não tens razões para te sentires assim”, este tipo de apreciações e comentários fazem com que a criança ou jovem se possa sentir desajustado, incompreendido e com a sensação de que não tem o direito de se sentir assim.


O sentimento de tristeza, aliado ao maior isolamento social, menor sensação de liberdade, incerteza, vazio, saudade entre outros podem naturalmente ser normais no tempo em que vivemos e mesmo por vezes reações adaptativas, contudo quando estes sintomas persistem no tempo, são muito intensos e interferem no funcionamento e bem estar da criança ou jovem deve ser objeto de avaliação especializada.


Importa não persistir na ideia que o tempo cura, pois o tempo a maioria das vezes agrava e é um importante inimigo do tratamento da Depressão!


A Depressão é a principal causa de incapacidade entre os 10 e os 19 anos de idade (OMS).


Falamos de uma coisa séria que precisa de tratamento e acompanhamento por profissionais de saúde mental e cujo projeto terapêutico passa também pela aliança e equipa com a Família e muitas vezes com a escola.


O tempo conta e é relevante para o sucesso do tratamento e para que a criança e jovem possa recuperar a satisfação com a vida, o bem estar e o seu projeto de vida, uma vida que se quer acima de tudo, naturalmente feliz.


Sónia Serrão - Psicóloga Clínica

Coordenadora Clínica Navegantes

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